Desenho seminal da Laerte Coutinho |
O fato é: Eduardo Cunha
não age sozinho para aprovar pautas conservadoras no campo dos costumes; ele e
seus pares são reflexos de uma ascensão dessas idéias.
O
congresso mais conservador foi eleito na última eleição, mas isso por si só não
explica tudo, no rastro da disseminação do ideário neoliberal, houve por parte
da mídia um investimento em colunistas conservadores, ex-membros da esquerda,
que defenderam durante anos uma criminalização da atividade política
progressista, identificando ela com o PT e a partir daí com a corrupção.
Por
sua vez a cúpula da igreja católica na concorrência com a teologia da
prosperidade das igrejas neopentecostais, criou o movimento de renovação
carismática, e afastou as principais lideranças da teologia da libertação no
país. A renovação carismática defende uma vertente mais conservadora dos
costumes, aproximando os protestantes e católicos no país.
Há
o crescimento do protestantismo, o que pode ser explicado pelo vazio cultural
nesse caso, o neoliberalismo contribuiu novamente, promovendo a pobreza com a
desindustrialização, diminuição do papel do Estado e diminuição dos direitos
sociais. A pessoa em desespero apela para Deus para solucionar seus problemas,
pela própria sazonalidade econômica, pode ser que as demandas imediatas sejam
atendidas, resultado a pessoa passa a acreditar que aquela forma particular de
credo ajudou ele, ele conta para o vizinho também desempregado, e por aí vai.
O
resultado foi uma disseminação das idéias conservadoras em pelo menos três
aspectos da vida: na política, na economia, e nos costumes. Os três alimentam
essa onda conservadora, da qual o congresso é expressão. Pode esperar que ainda
há mais possibilidades de retrocesso, já que a maior parte dos projetos são
emendas constitucionais, e foram votadas ainda apenas em comissões.
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