Pero, pobre de mí,
no he estado con los presos
De su propia cabeza acomodada.
No he estado en los que ríen con sólo media risa,
Los delimitadores de las primaveras.
De su propia cabeza acomodada.
No he estado en los que ríen con sólo media risa,
Los delimitadores de las primaveras.
(Silvio Rodrigues –
Resumen de Noticias)
Outubro
foi um mês conturbado no Brasil, os índices de desemprego (8,7% segundo o IBGE)
e inflação (0,54% em setembro, pelo IPCA) atingiram níveis alarmantes, o que
talvez pode indicar que a crise econômica atinja logo seu período de maior
agravamento. O governo ainda não sabe de quanto será o déficit fiscal esse ano,
é sobre esse indicador que o mercado agora paira, o que pode tornar a economia
mais volátil no próximo mês, e agravar ainda mais a crise de confiança que
assola nossa economia.
Por
parte da crise política, ela continua a dar sinais de que pode alimentar por
mais tempo a crise econômica, basta lembrar que em outubro em decisão inédita o
Tribunal de Contas da União reprovou por unanimidade as contas de 2014 do
governo Dilma. Tudo isso após uma desastrosa manobra por parte do governo, que
tentou mudar o relator do processo, o ministro Augusto Nardes, que ao que tudo
indica fez com que a corte se solidarizasse com ele, e reprovasse as contas de
modo unanime.
Por
sua vez a situação de Eduardo Cunha piorou, com o aparecimento de contas
secretas – atribuídas à ele, sua esposa e sua filha mais velha – na Suíça. O disparate
é maior porque ele adotou uma tática suicida de tentar barganhar mais entre
oposição e situação, para segurar-se no cargo, gerando uma situação na qual
tanto o PT quanto o PSDB fica com medo de pedir sua saída, por conta de ele
poder negar ou dar seguimento ao processo de impeachment, enquanto isso, ele e
seus aliados da bancada evangélica correm contra o tempo para aprovar projetos
que mechem com o campo dos costumes, principalmente no caso, o “Estatuto da
Família”, as mudanças no Estatuto do Desarmamento, a Proposta de Emenda da
Constituição que transfere para o Congresso a Demarcação de Terras Indígenas, e
a Proibição do Aborto em Casos de Estupro.
Outubro
de 2015 ficará marcado para os comunistas por conta da onda de ataques que
assolou o camarada Mauro Iasi, um membro do instituto liberal fez uma montagem,
do final do discurso de Mauro no Congresso da CSP-Conlutas, realizado em junho,
no qual ele declamou um trecho de um poema do dramaturgo alemão Bertold Brecht,
chamado “Perguntas à um Homem Bom”. A direita mais conservadora do país ficou
estarrecida, e começou a promover ataques e ameaças ao camarada Iasi e sua
família.
Em tempo, este blog
aproveita o assunto à oferecer a solidariedade ao camarada Iasi, e lembrar que
fascista bom é fascista morto. O alento, é que nessas horas, nos unimos ainda
mais deixando nosso bloco histórico mais coeso para enfrentar de frente nossos
inimigos declarados.
Como
dito anteriormente, os assuntos ligados ao costume estão sendo atacados,
principalmente os direitos conquistados pelas mulheres, já que Eduardo Cunha é
autor de um projeto, que no mês passado, foi aprovado na Comissão de
Constituição e Justiça que dificulta o acesso às mulheres de uma das únicas
formas em que o aborto é legalizado no país, ou seja, nos casos de estupro,
criando uma série de medidas prévias, que inclusive, também, dificultam a
profilaxia contra DST, necessária nesses casos. Esse projeto de Cunha,
inclusive, dificulta o acesso à “pílula do dia seguinte”, sob o argumento de
que ela é uma substância abortiva.
Na
mesma semana que esse projeto foi aprovado, pedófilos, “abusaram” de uma
adolescente participante de um reality
show de culinária, o que gerou uma campanha nas redes sociais, no qual as
mulheres relatavam quando sofreram o primeiro abuso, e que ficou conhecida como
#primeiroassédio.
No
fim dessa mesma semana, a prova do Exame Nacional do Ensino Médio, trouxe no
caderno de humanidades, uma questão sobre a obra da filósofa francesa Simone de
Beauvoir “O Segundo Sexo”. No dia posterior foi a vez do tema de redação ser
sobre a violência contra a mulher. Tal fato serviu para os mesmo que
perseguiram o camarada Mauro Iasi, passarem a destilar ódio contra o Ministério
da Educação, acusando-o de querer doutrinar os adolescentes para uma suposta “ideologia
de gênero”.
Talvez
o alento de um mês tão cheio de notícias ruins para aqueles que acreditam em um
mundo menos desigual, seja, perceber, que décadas após suas mortes, Simone de
Beauvoir e Bertold Brecht continuam ainda a ter suas obras como uma poderosa
arma contra o fascismo e o conservadorismo.
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