segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os inimigos ainda são os mesmos


Semana passada o auge dos protestos no Egito coincidiu com a minha leitura do livro “A Doutrina do Choque” da canadense Naomi Klein, fato que me fez temer ainda mais pela Revolução Egípcia.
O livro retrata a disseminação e tomada do poder pela doutrina neoliberal em vários lugares do mundo, mas principalmente em países que deixavam longínquas e violentas ditaduras militares, e em como o FMI e o Banco Mundial, capitaneados pelos EUA obrigavam essas florescentes democracias a adotarem as famigeradas reformas neoliberais (que não por sinal, conseguem trazer mais dor e sofrimento à população do que as ditaduras militares).
A revolta egípcia começou pela combinação explosiva de problemas econômicos sérios (inflação, desemprego, miséria) com os problemas políticos do país (ditadura, com eleições fraudulentas, censura à imprensa e perseguições políticas). Assim a esperança da população nas ruas é de que o fim do reinado de Mubarak traga perspectivas de melhora à suas vidas. Tudo muito belo não fosse o próprio FMI já ter se oferecido para “ajudar” na recuperação econômica do país após a saída do ditador.
Em bom português “nós oferecemos os empréstimos para ajudar na recuperação econômica, em contra partida você vendem toda a maquina publica à corporações estadunidenses”. Foi assim para todo o terceiro mundo nos anos 90, está sendo assim até mesmo para alguns países europeus. Se em 2008 houve na esquerda quem pensou que o neoliberalismo havia morrido com a crise do subprime, ledo engano, ele está aí até mais forte do que antes.
Mubarak não deve ter renunciado ainda por que os EUA não abrem mão de seu fantoche, enquanto não surgir uma lei que prenda o próximo governo egípcio a fazer as reformas neoliberais. Ou alguém acha que Mohamed El Baradei está no Egito fazendo a ponte entre a oposição e o atual governo apenas por vontade própria?
Levantes como o do Egito devem servir de inspiração para a juventude de todo o mundo, o twitter não é um meio de se fazer revolução, ele é sim uma grande arma para se atingir tal ato, que a cenas na Praça Tahir se disseminem pelas praças de todo o mundo, exigindo ao mesmo tempo aquele velho bordão dos anos 90 “ABAIXO O FMI”!!!
João Vicente Nascimento Lins 07/02/2011

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Força Egito

Ao povo Egípcio, força nessa hora histórica.
A charge como sempre é do monumental Carlos Latuff

Bênção Padrinho


A cada dois o Brasil fica refém de uma eleição, não digo as eleições majoritárias para prefeitos, governadores e presidente, mas sim uma eleição mais sutil, obviamente estou falando da eleição para presidente do senado e da câmara federal.
A população brasileira optou pela forma e pelo regime de governo brasileiro via plebiscito, correu-se o risco do país tornar-se uma monarquia parlamentarista, isso por que o referendo realizou-se em um dos momentos chaves da história recente brasileira o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello.
Prevaleceu o presidencialismo, mas não qualquer tipo de presidencialismo, Collor não caiu pelos seus atos de corrupção e pelo confisco das poupanças, isso foi o catalisador, ele caiu, por não saber articular-se para manter do seu lado no governo o PMDB, e os outros tanto partidos existentes até aquele momento.
E apesar da escolha pelo presidencialismo, a classe política nacional dava um recado que ecoa até hoje, o presidente não governa se não barganhar ministérios e as poucas estatais restantes. Em resumo o presidente é obrigado a abrir mão de cargos para agradar os políticos dos mais diversos partidos, em resumo o regime de governo acaba por ser um presidencialismo misto que lembra muito mais um parlamentarismo.
Num país parlamentarista, o grosso da máquina pública é dividido pelos membros do partido que tem mais cadeiras, ou pelos partidos da coalizão, nessa situação sobra espaço até para que técnicos assumam pastas importantes, mas mesmo em lugares como a Inglaterra ou a França o perfil político conta mais do que o conhecimento técnico do ministro.
O Brasil vive a mesma situação, mesmo sem um artigo na constituição para mandar que seja desse jeito, se no começo do governo o presidente não for pedir benção à Sarney e Michel Temer, precisa torcer para não perder o poder. O estilo parlamentarista já se dissemina para outros partidos, o governo Dilma precisou costurar uma ampla aliança, vendendo postos ministeriais para agradar todos os aliados.
E a solução para isso não passa por uma reforma política que transforme o país em bipartidário, passa pelo fortalecimento dos partidos, tirando sua polaridade de figuras carismáticas e conhecidas, ou dos famigerados caciques (é uma clara situação de que o buraco é sempre mais embaixo, mesmo fortalecendo os partidos, as contradições da realidade farão com que os problemas continuem ou se agravem, somente o fim da política como a conhecemos pode mudar alguma coisa).
Enquanto isso não ocorrer, pode Jesus Cristo voltar, se tornar presidente do Brasil, que mesmo ele precisará dar cargos ao PMDB. Esse parlamentarismo é um mais uma das estruturas que impedem que mudanças estruturais sejam impostas por governantes no país, essa prática torna de fato caciques políticos mais poderosos que o próprio presidente, ou alguém acha que Sarney não se candidata mais ao cargo máximo da república por que ele tem medo de perder?
João Vicente Nascimento Lins 04/02/2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Violências


Assistindo a uma reportagem sobre o “aniversário” de um ano da destruição total do Haiti por um terremoto, e vendo que a ONU considera a área onde os sobreviventes do terremoto vivem (tendas na mais pura miséria) “violenta”, me vem novamente aquela pergunta, o que vem a ser violência?
Homens sem nada, tendo como único recurso o instinto mais básico do ser humano que é a busca por sobrevivência, e por isso abandonando todos os contratos sociais e voltando ao Estado de natureza.
Ou os outros Homens que necessitando manter o controle dos meios de produção nas potencias imperialistas praticam todo o tipo de violência contra a população haitiana negando-os de participar da festança do consumo, para servir de exemplo aos explorados de todo o mundo o que acontece caso suas regras não sejam seguidas.
O pecado do Haiti foi simples, uma população negra que ousou se revoltar quando ser escravo era um direito tão natural quanto o do consumo.
João Vicente Nascimento Lins 12/01/2011
Charge do Latuff como sempre!