A cada dois o Brasil fica refém de uma eleição, não digo as eleições majoritárias para prefeitos, governadores e presidente, mas sim uma eleição mais sutil, obviamente estou falando da eleição para presidente do senado e da câmara federal.
A população brasileira optou pela forma e pelo regime de governo brasileiro via plebiscito, correu-se o risco do país tornar-se uma monarquia parlamentarista, isso por que o referendo realizou-se em um dos momentos chaves da história recente brasileira o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello.
Prevaleceu o presidencialismo, mas não qualquer tipo de presidencialismo, Collor não caiu pelos seus atos de corrupção e pelo confisco das poupanças, isso foi o catalisador, ele caiu, por não saber articular-se para manter do seu lado no governo o PMDB, e os outros tanto partidos existentes até aquele momento.
E apesar da escolha pelo presidencialismo, a classe política nacional dava um recado que ecoa até hoje, o presidente não governa se não barganhar ministérios e as poucas estatais restantes. Em resumo o presidente é obrigado a abrir mão de cargos para agradar os políticos dos mais diversos partidos, em resumo o regime de governo acaba por ser um presidencialismo misto que lembra muito mais um parlamentarismo.
Num país parlamentarista, o grosso da máquina pública é dividido pelos membros do partido que tem mais cadeiras, ou pelos partidos da coalizão, nessa situação sobra espaço até para que técnicos assumam pastas importantes, mas mesmo em lugares como a Inglaterra ou a França o perfil político conta mais do que o conhecimento técnico do ministro.
O Brasil vive a mesma situação, mesmo sem um artigo na constituição para mandar que seja desse jeito, se no começo do governo o presidente não for pedir benção à Sarney e Michel Temer, precisa torcer para não perder o poder. O estilo parlamentarista já se dissemina para outros partidos, o governo Dilma precisou costurar uma ampla aliança, vendendo postos ministeriais para agradar todos os aliados.
E a solução para isso não passa por uma reforma política que transforme o país em bipartidário, passa pelo fortalecimento dos partidos, tirando sua polaridade de figuras carismáticas e conhecidas, ou dos famigerados caciques (é uma clara situação de que o buraco é sempre mais embaixo, mesmo fortalecendo os partidos, as contradições da realidade farão com que os problemas continuem ou se agravem, somente o fim da política como a conhecemos pode mudar alguma coisa).
Enquanto isso não ocorrer, pode Jesus Cristo voltar, se tornar presidente do Brasil, que mesmo ele precisará dar cargos ao PMDB. Esse parlamentarismo é um mais uma das estruturas que impedem que mudanças estruturais sejam impostas por governantes no país, essa prática torna de fato caciques políticos mais poderosos que o próprio presidente, ou alguém acha que Sarney não se candidata mais ao cargo máximo da república por que ele tem medo de perder?
João Vicente Nascimento Lins 04/02/2011
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