quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pequeno comentário acerca do corte de verbas da UEM

Há anos a UEM só funciona porque estudantes precisando de renda, exercem as funções burocráticas que deveriam ser exercidas por trabalhadores. Os estudantes recebem uma bolsa de R$300 que pouco podem ser utilizadas para pagar os caríssimos alugueis do entorno da universidade nem tão pouco comprar os livros que a BCE não possuí, mas seu trabalho contribui enormemente para o esforço de burocracia que é o dia a dia da universidade.
Com o eminente corte de verbas que a universidade sofreu esse ano e o fim da bolsa trabalho, o funcionamento geral da universidade será prejudicado com profundas consequências negativas para o tripé ensino, pesquisa e extensão, que farão com que a universidade perca mais recursos de bolsas, fora aumentar a quantidade de trabalho dos funcionários que já não é pouca, levando a uma piora e que a universidade perca seu caráter classista e de conhecimento voltado para o mercado, para que ela atenda a sociedade e que ela seja de fato popular, e não excludente como é hoje em dia.
João Vicente Nascimento Lins 26/01/2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Só tenho uma coisa a dizer

Mesmo que o governo federal fizesse algo a favor do povo do Pinheirinho a PM faria algo através de esquadrão da morte ou coisa do tipo, porque os bravos moradores do Pinheirinho ousaram fazer aquilo que sempre é negado ao povo, lutar pelos seus direitos por uma vida digna, lutar não esperar na apatia que os que tem tudo tirem o pouco ou nada que você tem, eles eram exemplos em uma realidade tão alienada como a nossa, e por conta disso precisariam servir de exemplo também para que outros não sigam seu exemplo.
O que devemos fazer a partir de agora é não ficar quieto, é lutar, lutar para que o exemplo de Pinheirinho não ter medo de lutar, ir para a rua e enfrentar esse sistema corrupto, e que apesar de ser construído por humanos não contribui em nada para a humanidade e sim para destruir ela.
Somos todos Pinheirinho!!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

À Sombra de um Delírio Verde


À Sombra de um Delírio Verde from Mídia Livre on Vimeo.
Na região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território.
Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto.
Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e trabalho escravo.
Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros.

À Sombra de um Delírio Verde

Tempo: 29 min
Países: Argentina, Bélgica e Brasil
Narração: Fabiana Cozza
Direção: An Baccaert, Cristiano Navarro, Nicola Mu
www.thedarksideofgreen-themovie.com


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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sobre a desocupação do Pinheirinho em São José dos Campos


A desocupação que a prefeitura de São José dos Campos quer fazer no assentamento do Pinheirinho fala muito sobre a sociedade brasileira. Obviamente é também um caso sobre como a vontade capitalista consegue influenciar governos ao seu bel prazer para atender aos seus interesses, mas nesse caso ela diz mais sobre as características históricas do capitalismo nacional, assim como sua formação.
A burguesia brasileira é herdeira direta dos grandes proprietários de terra da época colonial, eles possuíam poderes totais sobre imensas fazendas cheias de escravos, o senhor do engenho possuía poderes quase que ditatoriais sobre todos os seres humanos que viviam em seu domínio, fossem de sua família, empregados ou mesmo os escravos, é também nesse momento que começa ganhar força na nossa elite a idéia de construir antípodas, pessoas que por algum motivo não pertenciam à mesma sociedade que os senhores de engenho e que eram vistos como inimigos sempre postos a destruir a sociedade, por possuírem uma cultura diferente, ou então por serem diferentes fisicamente dos europeus.
O primeiro dos antípodas à nascente sociedade brasileira foram os indígenas ,originais donos das terras, mas que por não serem cristãos e viverem no pecado, não mereciam a posse, logo após os índios mostrarem-se um tanto quanto avessos às tradições européias, principalmente ligadas ao trabalho, foi preciso trazer os escravos africanos para continuar o árduo trabalho de exploração de nossas terras. Surgia então um novo antípoda, o africano também não cristão, mas que devido a cor de sua pele tão diferente da européia também não poderia ser chamado de brasileiro.
Mesmo após o fim da escravidão o negro ainda é tratado como alguém inferior pela nossa burguesia, nunca deixando de ser um antípoda. No século XX no entanto com o processo de modernização do nosso país e do desenvolvimento econômico, ocorrerá no Brasil um fenômeno semelhante ao da Europa durante o século XIX, com o surgimento do proletariado industrial, e com o inicio das revoltas dos trabalhadores a burguesia européia passa a vê-los como antípodas. Aqui no Brasil ocorrerá algo semelhante, mas que envolve principalmente os trabalhadores que vieram do nordeste para os grandes centros urbanos do sudeste surgindo assim um novo antípoda. Essa negação do outro ocorre com os tipo que mais fogem do padrão de comportamento como com os nordestinos, estudantes, usuários de drogas, praticantes de outros ritos religiosos, homossexuais e as mulheres.
Assim a desocupação do assentamento do Pinheirinho não é apenas para a especulação imobiliária é para afastar do convívio toda uma série de antípodas representados pelos habitantes do assentamento, nossa burguesia descendente direta de aristocratas que vieram para cá apenas explorar o país com a esperança de retornar para Portugal é lá conseguir um título de nobreza melhor, não olha para um trabalhador e vê nele a possibilidade de extrair mais valia dele e ficar rico, ele observa antes de tudo um indíviduo que não merece dividir os mesmos espaços que ele, que no fundo não merece nem ser chamado de brasileiro.
As motivações econômicas de fato existem em todas as relações sociais no Brasil, mas cedem importância para uma característica aristocrática que insiste em não perecer, esse complexo de “Caco Antibes” explica o por que mesmo que Lula tenha continuado o neoliberalismo de FHC, levando a um novo patamar e tenha feito o país crescer, elevando em muito a fortuna da burguesia nacional, ela ainda não consegue permitir que um nordestino seja presidente ou mesmo uma mulher, mesmo que estes dois tenham beneficiado muito mais a burguesia do que os trabalhadores.
Todo apoio aos moradores do Pinheirinho que sua luta sirva de exemplo para tantas outras comunidades no Brasil que são ameaçadas todos os dias pela  especulação imobiliária e por esse pensamento aristocrático de nossa burguesia.

João Vicente Nascimento Lins 16/01/2012
Charge do cartunista Carlos Latuff
Vídeo retirado do canal do Claudio Capucho

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Capitalismo brasileiro do século XXI

O Brasil atinge um hoje um momento único em sua história, a cada dia que passa indicadores econômicos mostram melhorias visíveis para praticamente toda a sociedade, no que pese uma desaceleração econômica vista no segundo semestre, e que foi provocada pelo próprio governo, o erro foi corrigido e muito provavelmente será solucionado nos próximos meses.
O país se aproveita das oportunidades que o crescimento da economia mundial atravessou antes de 2008, e estimulado pelo governo uma ampla parcela da população adentrou na economia formal, essa parcela consome como a classe média, mas está muito longe do padrão de renda dessa classe econômica (muito embora o poder de consumo da classe média caiu muito devido ao alto endividamento e perda de capital dos anos FHC).
É preciso ficar atento ao alto grau de endividamento, para não gerar uma bolha especulativa semelhante a que estourou nos EUA e deu inicio à crise. No entanto esse texto não quer ser um aviso apenas do endividamento. O processo de crescimento brasileiro começa a fazer suas vítimas entre aqueles que ainda não vivem o milagre do consumo, apesar de falarem em número de mais de 40 milhões de pessoas que migraram de classe econômica nem todos dentre desse contingente possuem casa própria, um emprego bem remunerado, diploma universitário, e por viverem em favelas localizadas a áreas valorizadas, essas pessoas vivem um processo de deslocamento urbano.
Pelo pretexto da copa do mundo, inúmeras prefeituras das capitais estão realizando o sonho de suas elites, limpando dos bairros mais bem localizados os pobres que insistiam em lembra sobre a dura realidade do capitalismo (no qual muitos são explorados, para que poucos fiquem com toda a riqueza). Não bastasse a limpeza urbana, o governo se aproveita dos grandes eventos para explorar ainda mais a população pobre, que empurrada para longe de onde trabalha precisa pegar ônibus, ou então se endividar e comprar um carro novo aquecendo a economia, o governo aprovou na calada do ano novo, o plano de mobilidade urbana do país, que mais uma vez beneficia o transporte individual, e dá condições para que as mafias que controlam o transporte público urbano continuem a explorar a população cobrando preços proibitivos para o deslocamento urbano engrossando seus lucros.
O capitalismo brasileiro no século XXI pode ter aceitado novos consumidores, mas não muda sua faceta, ele só gera dividendos para bem poucos, e continuara nessa toada pelos próximos anos ao que tudo indica.
João Vicente Nascimento Lins 05/01/2012
Charge do sempre genial Carlos Latuff