segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Escolhas


A escolha de Celso Amorim para ocupar o lugar de Nelson Jobim é uma grata surpresa do governo, e vem num momento crítico no que envolve questões de defesa, e também de direitos humanos.
Dizer que a crise econômica mundial vive um período crítico é ficar no clichê, na última semana mesmo com o governo dos EUA solucionando o impasse do aumento do teto de sua dívida, o problema não foi resolvido por completo, o pacote aprovado jogará o país em uma nova recessão e diminuir a divida no meio de uma recessão econômica sem crescimento do PIB é algo impossível, o problema não foi solucionado, tanto é que as bolsas não param de cair. Com a crise econômica piorando o cenário das relações internacionais piora também.
Guerras já são corriqueiras, a possibilidade é que elas apareçam aos montes, principalmente por que é uma das maneiras de se solucionar uma crise de superprodução como vivemos atualmente. Diante disso Amorim se mostra uma escolha sábia, em um cenário internacional tenso um diplomata que sabe como solucionar esses conflitos pautando sempre por uma visão racional, mas ao mesmo tempo sobre um viés de uma esquerda democrática.
O fato de Amorim possuir uma visão mais de esquerda e de ser um dos defensores da política externa brasileira de valorizar as relações sul-sul, pode separar as políticas de defesa do país da vontade dos EUA, o que poderia começar já na compra dos caças da força aérea (as três escolhas de Jobim representavam tecnologias atrasadas para o país nesse quesito, além de duas opções serem claramente de empresas estadunidenses).
Sua escolha pode também representar novidades no campo dos direitos humanos, há anos o Brasil é acusado pela comunidade internacional inteira principalmente na América Latina, de esconder os crimes de seus militares durante a ditadura, evitando abertura de arquivos, não ajudando na hora de descobrir os desaparecidos e por aí vai, Jobim era um dos principais empecilhos a isso, defendia as viúvas da ditadura mais do que a vontade nacional.
Mas mais do que isso, Celso Amorim é um nome praticamente unanime entre os movimentos sociais, sua atuação na chancelaria brasileira foi um dos pontos altos do governo Lula, em um momento em que os movimentos sociais ameaçam mais do que nunca entrar em algum choque com o governo, Dilma espera manter pelo menos por hora esses movimentos próximos, principalmente em um momento onde várias denúncias pairam sobre os partidos da base aliada promovendo uma sangria perigosa, pois mesmo que não seja o PT o principal alvo, o governo perde aquela base de quase 400 parlamentares que ele possuía na posse.
Dilma fez várias escolhas erradas, ministros, aliados, e políticas públicas que favorecem apenas os mesmos grupos nacionais e internacionais que sempre comandaram o país, não são escolhas de nomes unanimes para certas pastas estratégicas que mudarão essa visão, é um governo que nunca será popular, e que por mais que se esforce sempre será um inimigo declarado dos trabalhadores brasileiros.
João Vicente Nascimento Lins 08/08/2011

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