Ocorre uma sensação estranha quando você olha para os EUA e vê uma economia sem vigor, com desemprego em massa, e nos últimos dias passando por uma enorme crise política que quase o levou a declarar uma moratória.
É uma mudança de papéis a olhos vistos como nunca ocorreu antes, se no começo dos anos 2000 eram os países latinos americanos que batiam à porta do FMI e do Banco Mundial esmolando novas condições de pagamento e novos empréstimos devido ao profundo choque que o neoliberalismo ocasionou em suas economias, agora são as grandes economias que vivem esse grave problema. A vontade nesse primeiro momento é rir em um pensamento do tipo “haha, bem feito ninguém mandou explorar todo mundo, invadir países e promover guerras” como se fosse uma vingança do destino (e de fato o sentimento inicial na crise de 2008 era justamente esse).
Ocorre que é justamente nesses momentos de profunda exacerbação do caráter contraditório do capitalismo contemporâneo é que a classe trabalhadora precisa mais do que nunca escapar da armadilha das “fronteiras” e num sentimento de fraternidade mútua mundial se unir contra aqueles que tanto roubam de sua energia vital. Só que em momentos de profunda crise é que a burguesia se mostra mais disposta a desfraldar suas bandeiras mais conservadoras e fascistas atacando a classe trabalhadora de forma descarada. Isso se mostrou latente nos debates do congresso nacional dos EUA para se chegar a um acordo, os republicanos bateram o pé até o último minuto para conseguir que o governo cortasse o máximo possível de encargos sociais e mantivesse os impostos dos mais ricos baixos. Mas não foi só nos EUA, o mesmo foi visto na Europa.
Mídias populares, irradiadores de ideias, todos tem agido para evitar que o sentimento de solidariedade entre a classe trabalhadora reviva, depois de anos de reestruturação produtiva, precarizando os empregos, de a mídia martelando o individualismo, que você deve temer em primeiro lugar seu vizinho e não o seu patrão. O que ocorre agora é isso elevado ao cubo, agora não devemos combater nosso vizinho, só se ele for imigrante ou membro de uma minoria, se você está sem emprego a culpa é da minoria que é protegida pelo governo, sem perceber a direita mais xenofóbica assume o poder sob aplausos e ninguém consegue fazer nada contra.
Há paralelos para isso na história, em 1914 ocorreu algo parecido, para desmobilizar os movimentos operários como o alemão, jogou-se os povos europeus em guerra. Em 1939 foi até pior, guerra para superar a crise de 1929. Mais do que nunca é preciso que a classe trabalhadora de todo o mundo se unifique em torno de uma pauta única, que infelizmente nunca deveria ser esquecida, não é contra ela mesma que é preciso agir, é contra aqueles que tanto degradam o mundo, o homem, que tanto impedem que todos consigam viver de uma forma igualitária e digna.
Marx estava certo em 1848 e continua atualmente, “Proletariadosde todo o mundo, uni-vos”[1]!!!
João Vicente Nascimento Lins 04/08/2011
Charge estupenda, do sempre ótimo cartunista Carlos Latuff
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