A Terra Arrasada

Quando o PT e o PSDB escolheram oficialmente seus candidatos em março deste ano, a famigerada revista Veja, dedicou uma capa para cada presidenciável, a ingenuidade da esquerda, foi não perceber que lá atrás, na capa dedicada ao candidato tucano, que a opção por uma campanha baixa, e de terra arrasada já havia sido feita.

Afinal, Serra proclamava que “Eu me preparei a vida toda para ser presidente”, enquanto isso a preocupação do PT era de colar a imagem de Dilma com a de Lula, normal, para qualquer ação política você deve traçar estratégias.

Mas o PT de fato pareceu cego, não captou os sinais que a mídia passava, achou que seria um simples referendo entre o modo lulista de administrar a massa falida do capitalismo, e o modo privatista, não captou que Serra e todo seu staff optaram por uma política de terra arrasada.

A opção de Serra agora é clara, assim como naquela capa, arrasar a sociedade, dividi-la, leva-la ao extremo, para que ele surja como o salvador, afinal ele “é o mais preparado de todos os brasileiros”. É um caminho obscuro, se aliar com setores nefastos da sociedade como a TFP, reviver o movimento Integralista, chamar os militares aposentados do clube militar, conclamar os grupos mais reacionários das igrejas católica e protestante.

São todos grupos que uma vez trazidos ao olho do furacão, dificilmente voltarão ao ostracismo ao qual a duras penas foram levados pela sociedade brasileira, O fascismo dos anos 30 era um movimento que pregava o mesmo que a campanha tucana atual, o ataque sistemático a progressos sociais iluministas, assim como o fim da política partidária e ideológica, um movimento em suma totalitário, que surgiu no seio de uma sociedade fragilizada pelos horrores da guerra e pela miséria da então maior crise do capitalismo.

A campanha do PSDB obviamente não diz com todas as letras que acabará com partidos de esquerda, para isso usa suas mascotes na mídia, que bombardeiam sistematicamente a população para levar a crer que o pragmatismo petista é a pior coisa que já existiu, e que isso, como o stalinismo são os exemplos mais bem acabados de comunismo que já surgiu, e como diria qualquer militante tucano hoje em dia “comunista bom é comunista morto”.

Essa política fascista é perigosa, independente de quem ganhar o segundo turno, o próximo presidente terá que dialogar com esses grupos fascistas, para tentar novamente unir o país, dividido por esse segundo turno. Quem ganhar a eleição terá que governar um país que regrediu 50 anos em políticas sociais em pouco mais de 2 meses, e que se divide mais entre uma elite e uma classe média cheia de dívidas, e uma população que depois de 500 anos finalmente participa do capitalismo. Se Dilma e o PT ganharem no dia 31 (e este é o desejo deste que vos escreve) pode ter certeza de que ao mesmo tempo eles estarão perdendo.

João Vicente Nascimento Lins 17/10/2010

A charge, genial como sempre é do ótimo cartunista Carlos Latuff