quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Universidade vs Sociedade: uma falsa dicotomia



A lógica perversa de um mundo sempre do avesso, é que a população das cidades com campus universitários, entregue que estão à ideologia burguesa, vêem sempre com olhos negativos essas instituições, não por aquilo que representam atualmente (o celeiro de novas cabeças que reificam o pensamento burguês), mas sim por um ideal que a muito não existe (a universidade enquanto formadora de intelectuais que pensam toda a sociedade e soluções para os problemas da mesma).

Desse modo a universidade publica é sempre vista e a reafirmada por esses “grandes divulgadores da ideologia burguesa” que são os apresentadores de jornais “pinga sangue” como um antro de “vagabundos, usuários de drogas, filhinhos de papai etc.” Em nenhum momento há um intercambio que não seja do ódio.

A universidade por sua vez se fecha às demandas da sociedade em seu entorno presa na lógica do produtivismo fordista, e na disputa por cargos, bolsas e outras coisas do tipo que apenas reafirmam seu caráter aristocrático. Assim a barreira do ódio termina por tornar a sociedade cada vez mais individualista, consumista, “pós-moderna” enquanto que a universidade se torna cada vez mais individualista, consumista e pós moderna, ou seja, ficam todos presos em uma lógica do discurso ruidoso no qual apenas se beneficia quem está no poder econômico-político-ideológico, ou seja, a burguesia.

É tão ruidoso que não basta que um dos entes dessa equação tome posição e passe a exercer outro papel, a Universidade pode se abrir e se tornar mais democrática internamente, mas enquanto não se encaminha na desconstrução de um de seus pilares que é a formação de mão de obra qualificada para a reprodução do capital, e também para a reprodução da dominação da burguesia, dificilmente se construíra um caminho efetivo para uma universidade popular.

Em contrapartida, enquanto não se combater alguns meios de reprodução da ideologia burguesa, que incentivam o preconceito, a divisão de classe, a individualidade, atacando a segurança pessoal, sob a ameaça perene “de um favelado roubar suas coisas”, ou então “que a destruição das bases da religião pioram o mundo” (para ficar em exemplos mais imediatos), não se abrirá uma senda capaz de tornar a população mais esclarecida do papel de algumas instituições, e de sua importância, seja para reprodução da ordem social vigente, seja para ajudar na construção de um pensamento filosófico/social que nos aproxime do gênero humano.

Por mais elitista que a universidade seja, é inegável seu papel de formulação de pensamentos progressistas, ao mesmo tempo se esses pensamentos não encontram sua contraparte na materialidade que representa a maioria da população, sua classe trabalhadora, essas idéias progressistas se tornam simplesmente algo preso na casa das idéias. Ao mesmo tempo, a classe trabalhadora entorpecida por idéias que não sejam as suas, e que não encaminham na construção de uma realidade mais justa e progressista se torna presa indefesa para ser explorada como bem entender pelo grande capital. Assim o caminho de união do pensamento progressista universitário com a materialidade da classe trabalhadora é uma das bases (mas não a única) da construção de uma sociedade sem classes, justa e igualitária.

João Vicente Nascimento Lins 13/12/2012

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