A
lógica perversa de um mundo sempre do avesso, é que a população das cidades com
campus universitários, entregue que estão à ideologia burguesa, vêem sempre com
olhos negativos essas instituições, não por aquilo que representam atualmente
(o celeiro de novas cabeças que reificam o pensamento burguês), mas sim por um
ideal que a muito não existe (a universidade enquanto formadora de intelectuais
que pensam toda a sociedade e soluções para os problemas da mesma).
Desse
modo a universidade publica é sempre vista e a reafirmada por esses “grandes divulgadores
da ideologia burguesa” que são os apresentadores de jornais “pinga sangue” como
um antro de “vagabundos, usuários de drogas, filhinhos de papai etc.” Em nenhum
momento há um intercambio que não seja do ódio.
A
universidade por sua vez se fecha às demandas da sociedade em seu entorno presa
na lógica do produtivismo fordista, e na disputa por cargos, bolsas e outras
coisas do tipo que apenas reafirmam seu caráter aristocrático. Assim a barreira
do ódio termina por tornar a sociedade cada vez mais individualista,
consumista, “pós-moderna” enquanto que a universidade se torna cada vez mais
individualista, consumista e pós moderna, ou seja, ficam todos presos em uma
lógica do discurso ruidoso no qual apenas se beneficia quem está no poder econômico-político-ideológico,
ou seja, a burguesia.
É
tão ruidoso que não basta que um dos entes dessa equação tome posição e passe a
exercer outro papel, a Universidade pode se abrir e se tornar mais democrática
internamente, mas enquanto não se encaminha na desconstrução de um de seus
pilares que é a formação de mão de obra qualificada para a reprodução do
capital, e também para a reprodução da dominação da burguesia, dificilmente se
construíra um caminho efetivo para uma universidade popular.
Em
contrapartida, enquanto não se combater alguns meios de reprodução da ideologia
burguesa, que incentivam o preconceito, a divisão de classe, a individualidade,
atacando a segurança pessoal, sob a ameaça perene “de um favelado roubar suas
coisas”, ou então “que a destruição das bases da religião pioram o mundo” (para
ficar em exemplos mais imediatos), não se abrirá uma senda capaz de tornar a
população mais esclarecida do papel de algumas instituições, e de sua importância,
seja para reprodução da ordem social vigente, seja para ajudar na construção de
um pensamento filosófico/social que nos aproxime do gênero humano.
Por
mais elitista que a universidade seja, é inegável seu papel de formulação de
pensamentos progressistas, ao mesmo tempo se esses pensamentos não encontram
sua contraparte na materialidade que representa a maioria da população, sua
classe trabalhadora, essas idéias progressistas se tornam simplesmente algo
preso na casa das idéias. Ao mesmo tempo, a classe trabalhadora entorpecida por
idéias que não sejam as suas, e que não encaminham na construção de uma
realidade mais justa e progressista se torna presa indefesa para ser explorada
como bem entender pelo grande capital. Assim o caminho de união do pensamento
progressista universitário com a materialidade da classe trabalhadora é uma das
bases (mas não a única) da construção de uma sociedade sem classes, justa e
igualitária.
João Vicente Nascimento
Lins 13/12/2012
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