sábado, 4 de dezembro de 2010

A questão habitacional



Um dos maiores problemas que assolam nossas cidades atualmente é o da moradia, o Brasil possui um imenso déficit nessa área, mais de oito milhões de famílias não tem uma casa própria, ou vivem em habitações sem condições dignas (de acordo com o que o IBGE e a ONU consideram uma moradia digna, acesso à luz, água encanada e saneamento básico).
Anos de falta de política pública, deixando nas mãos do mercado, transformaram nossas selvas urbanas em ambientes segregacionistas, para cada condomínio fechado inaugurado, surgem três favelas equivalentes.
Mesmo agora quando o governo cria um programa habitacional para correr atrás de 40 anos sem agir nessa área, se depara com imensos problemas, como número maior de inscritos do que a capacidade do projeto, ou mesmo a falta de terrenos bem localizados, já engolidos pela famigerada especulação imobiliária.
Quem vive de pagar aluguel sabe bem as dificuldades, não são só os preços abusivos (também regidos pela especulação imobiliária), há vários entraves burocráticos nos contratos como exigência de fiador, que impedem o trabalhador mesmo de locar um bom imóvel.
Durante a campanha presidencial Plínio de Arruda Sampaio deu uma boa idéia, passar por cima da especulação e pegar imóveis ociosos e assentar as famílias mais sem condições de pagar aluguel, Dilma Roussef por sua vez resolveu atender às empreiteiras que financiam sua campanha e manter o programa “Minha casa, minha vida” (também conhecido como bolsa empreiteira).
O problema da moradia é tão aparente que basta pensar na espetacular ação policial no Rio de Janeiro semana passada, não é uma simples ação para acabar o tráfico, trata-se de também reurbanizar as favelas, para elas entrarem também no jogo da especulação imobiliária da futura sede da copa e dos jogos olímpicos.
A solução do problema habitacional não passa apenas pelas soluções mais óbvias, como financiamento amplo, em um mundo com problemas ambientais e econômicos, profundas desigualdades, passa por pensar em novas formas de organização social dentro da cidade, novos projetos de casas, enfim passa por pensar em uma revolução em todos os aspectos da sociedade, caso contrário as cidades se tornarão mais insalubres do que atualmente.
João Vicente Nascimento Lins 04/12/2010
A Charge como sempre é do cartunista Carlos Latuff